No décimo andar do prédio de escritórios mais luxuoso da Avenida Brigadeiro Faria Lima, centro financeiro de São Paulo, 30 analistas de investimento têm o olhar fixo cada um em seu computador enquanto, a poucos metros de distância, dois monitores instalados contra o vidro do edifício espelhado dão informações em tempo real. Nada sobre o vaivém da bolsa, as cotações das commodities ou as últimas notícias, que costumam estar por toda parte numa empresa de investimento. Os monitores mostram apenas um número: o total de acessos ao site da empresa, atualizado a cada segundo. As telas servem de lembrete do que realmente tem valor ali, que é atrair interessados e transformá-los em clientes. É assim o dia a dia na Empiricus, empresa que se define como uma “publicadora de conteúdo” e que, cercada de polêmicas, virou um caso a ser estudado no mercado financeiro brasileiro.
O negócio da Empiricus é vender relatórios com informações sobre investimentos. Sua equipe de analistas produz 25 tipos — diários, mensais ou semanais — com estratégias para ganhar dinheiro na bolsa, na renda fixa, no mercado de câmbio e até mesmo no segmento de moedas virtuais. Todos têm três modalidades de assinatura: anual, trienal e vitalícia. O pacote mais barato custa 16 reais; o mais caro, que dá acesso vitalício a todos os relatórios da empresa, é vendido por 50.400 reais.
Existem dezenas de empresas assim no mundo, e o número de concorrentes vem crescendo também no Brasil. Mas, aqui, nenhum dos competidores tem o alcance e o porte da Empiricus. O número de clientes aumentou seis vezes desde 2014 e hoje chega a 180 000. Em 2016, o faturamento foi de 154 milhões de reais, e a expectativa neste ano é atingir 200 milhões. Seus principais rivais, a Eleven e a Suno, têm menos de 25 000 clientes. A Empiricus não divulga sua rentabilidade, mas a sobra de caixa permitiu a compra de metade do site de notícias O Antagonista em março de 2016, por 5 milhões de reais, segundo EXAME apurou.
A empresa tem uma equipe sólida de analistas, muitos deles saídos de bancos, como BNP Paribas, HSBC e Itaú, e de gestoras como a Mauá Capital durante os anos de recessão. Mas esse fator, isoladamente, não explica o crescimento da Empiricus. O que faz a diferença é o marketing. “Sem um marketing agressivo, jamais teríamos chamado a atenção do mercado”, diz Felipe Miranda, um dos fundadores da companhia e responsável pela produção dos relatórios.
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